sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O DIREITO DE TER DIREITOS


“Os direitos humanos são direitos históricos que emergem gradualmente das lutas que o homem trava por sua própria emancipação e das transformações das condições de vida que essas lutas produzem”. (Bobbio, 1992, p.5)

O grande desafio é identificar o modo mais seguro de lutar pela cidadania, alguns princípios destacados na Declaração Universal dos Direitos do Homem são: o respeito à dignidade humana, à igualdade de direitos, à liberdade de pensamento e de escolha entre os homens. Formular e implementar políticas públicas voltadas para a integração de pessoas portadoras de deficiência tem sido inspiradas por uma serie de documentos contendo declarações, recomendações e normas jurídicas por organizações nacionais e internacionais. O Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência teve como finalidade defender os direitos de cidadania das pessoas portadoras de deficiência (Programa aprovado para consulta de todos os países interessados), é até hoje utilizado como “base” para elaboração de novas propostas sobbre o assunto, pois abrange a parte de prevenção, reabilitação e equiparação de oportunidades. Nacionalmente falando os assuntos referentes aos portadores de deficiência sejam tratados num setor que assuma a responsabilidade por esses assuntos (ministérios, órgãos públicos ou privados). Há ainda uma necessidade de mais estudos e pesquisas sobre vários aspectos da deficiência, para um maior esclarecimento que possa ajudar tanto na melhoria da problemática quanto na criação e aprimoramento de equipamentos indispensáveis.
Assim como o programa as Normas Uniformes sobre a Linguagem de Oportunidades para a pessoa portadora de deficiência essas normas também foram aprovados em Assembléia Geral das Nações Unidas. As normas objetivam um alcance generalizado a muitos paises, com vistas a serem uniformemente respeitadas; refere-se também a prevenção só que em dois sentidos, o primeiro é o de impedir uma deterioração (física, sensorial, intelectual ou psiquiátrica) e segundo impedir uma deterioração já instalada; a reabilitação e a conquista da igualdade de oportunidades (traduzindo a idéia de equiparação de igualdade).
 Já na Declaração Mundial sobre Educação para Todos aprovada na Conferência Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, constatou muitas dificuldades sobre a garantia do direito a educação.
Elaborada em decorrência da conferencia mundial sobre necessidades educacionais especiais. A Declaração de Salamanca de Princípios, Políticas e Pratica para as necessidades Educativa Especial expressa o principio de integração e a preocupação com a garantia de escolas para todos. Na Declaração “fala” sobre necessidades educacionais especiais cujo objetivo é orientar governo e organizações de maneira que acolham todas as crianças independentemente das condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou quaisquer outras. Um dos princípios foi a formação de professores, no qual falarei um pouco mais a frente.
Foi estabelecido na Constituição de 1824 (época do Brasil em império). Em 21 de abril em 1959, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Declaração dos Direitos da Criança, assegurando o direito á educação gratuita e obrigatória ao menos em nível elementar. O texto constitucional (1988) consagrar a educação como direito de todos e dever do Estado e Família. Com esses programas, declarações, normas e constituições há cada vez mais a perspectiva de um mundo inclusivo, onde todos têm direito à participação na sociedade, em busca da realização do mais alto nível da democracia. Deve-se cada vez mais ampliar o acesso a direitos, garantir a plena participação dentro de regras claras e aplicadas a todos, independentemente de raça, cor, sexo, religião e origem social. Dessa forma, nosso sistema educacional precisa não só saber lidar com a desigualdade social como também as diferenças. As escolas devem promover o desenvolvimento físico cognitivo, afetivo, moral e social dos alunos com necessidades educativas especiais, e ao mesmo tempo facilitar-lhe a integração como membros ativos. Mas, para que isto aconteça, e importante que o individuo portador de necessidades educativas especiais seja visto como um sujeito eficiente, capaz, produtivo e, principalmente, apto a aprender a aprender.
Do que estamos falando quando os referimos à integração e à inclusão?
No enfoque psicossocial, a integração representa uma via de mão dupla, envolvendo portadores de deficiência e a comunidade das pessoas considerada “normais". Educadores de renome nacional e internacional lutaram para que, nos (AMR) ambiente o menos restrito, pessoas deficientes, ate então escondidas e absolutamente excluídas encontram-se sem espaço de convivência. Para que em nossas escolas o ideal da integração de todos, ou da não – exclusão de alguns, torne-se realidade, é preciso trabalhar todo o contexto em que o processo deve ocorrer. Do contrário, corre-se o risco de contribuir para mais preconceitos em torno dos deficientes. Existe um problema que a maioria dos nossos professores do ensino fundamental apresenta, alegam não se sentem "preparados" e motivados para a docência de grupos tão diversificados, consideram tal docência difícil, pois ganham muito mal, não tendo recursos para a compra de livros, materiais especializados, e infelizmente não estão exagerando. Estas lacunas (muitos sérias) detectadas em seus (magistérios deveriam ser igual e melhor tratadas, de uma maneira a abranger a todos.
As necessidades educacionais especiais (características próprias até entre si), temporárias ou definitivas, é algo que abrange uma grande quantidade de educandos. Desconsiderar isso é desconsiderar a diversidade. Estamos falando não só dos portadores, como das “minorias”, na verdade, considerando-se o conjunto das minorias, estaremos nos referindo a maioria das pessoas que vivem à margem do processo político social. Pessoas que não tem acesso e não ingressam nas escolas ou que delas foram afastadas, independentemente de suas vontades.
Para termos a escola como espaço inclusivo precisa abandonar a condição de instituição burocrática, apenas cumpridora das normas estabelecidas pelos níveis centrais. O que se deseja, da realidade é a constituição de uma sociedade inclusiva compromissada com as minorias incluindo os portadores de necessidades educativas especiais. Assim, necessitamos de uma nova escola que aprenda a refletir criticamente e a pesquisar (cabe a escola encontrar respostas educativas para as necessidades de seus alunos). Com relação ao professor de classe regular precisa entender o significado de uma escola inclusiva, a partir e seus conhecimentos anteriores como professor; Precisa entender, também, que seus alunos desenvolvem meios diferentes de aprendizagem e, por isso, às vezes utilizam caminhos que o próprio professor desconhece. O mais importante em todo esse processo é a necessidade da formação da consciência crítica do professor quanto a sua responsabilidade pela aprendizagem de seus alunos, sejam deficientes ou não. A escola existe em função do aluno. Não há duvida de que a qualidade da educação tem importância prioritária para o crescimento econômico, social e político de um país. Os governos precisam formular políticas que assegurem a inclusão dos excluídos e, por tanto, estabelecer metas e procedimentos eficientes de inclusão e cidadania.
As adaptações curriculares é uma necessidade e os autores distinguem as adaptações de acesso ao currículo, definindo-as como as “modificações” ou provisão de recursos espaciais, materiais ou de comunicação que favorecem o aluno com necessidades educacionais especiais no desenvolvimento do currículo regular ou, se for o caso, do currículo adaptado. Aplicam-se os procedimentos adaptativos mencionados nos objetivos, conteúdo, avaliação, metodologia e organização didática, temporalidade, organização curricular.
Há muitas barreiras na área da educação especial e a remoção delas tem sido examinada sob o aspecto da acessibilidade sob o aspecto psicológico. Examinar as barreiras sob um outro enfoque, centrando nossas analises, especificamente na aprendizagem que ocorre na escola, particularmente em sala de aula. Barreiras à aprendizagem são obstáculos que se impõem aos alunos, criando-lhes dificuldades no aprender. Alguns fatores que geram tais dificuldades, às vezes são intrínsecos aos alunos e outros, talvez a maioria, esternos a eles. Examinar a prática pedagógica sob a ótica da remoção das barreiras à aprendizagem é um desafio a todos nos educadores, que ate então, temos examinado a questão sob a ótica das características do aprendiz. Suas condições orgânicas e pisicosociais têm sido responsabilizadas pelo seu insucesso na escola. Pensar em remover as barreiras á aprendizagem não exclui esse ângulo da questão. Ao contrário apresenta a ele outras influências e participações como educador, a escola, o sistema educacional e as influências que nele exercem aspectos ideológicos, cuja responsabilidade é dos modelos econômicos e políticos que tem sido adotados.
Como formar professores para uma escola inclusiva? Partindo do movimento de inclusão o professor deve conviver com os “diferentes”, inclusive superando preconceitos em relação às minorias, estando preparado na adaptação às novas situações que surgirão no interior da sala de aula. Sendo assim a finalidade nos cursos de formação de professores, deve ter a criação de uma consciência critica sobre a realidade que eles vão trabalhar e oferecer uma fundamentação teórica que possibilite uma ação pedagógica eficaz. A Associação Nacional pela Formação de Profissionais da Educação (Anfope, em 1980) faz algumas recomendações ao educador como: ter a docência como base da sua identidade profissional, ser capaz de atuar como agente de transformação da realidade na qual se insere. Devem fazer parte da grade curricular conteúdos referentes à conceitualização, isto é, à tipologia das deficiências, é muito importante também que os futuros professores apropriem de conhecimentos didáticos e praticas de ensino que leve em consideração a diversidade dos alunos, dando-lhes condições de adaptar atividades, conteúdos e propostas curriculares. Essas ações são fundamentais para construção de uma educação que atenda a todos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

NOVA ESCOLA - CRECHE COM TURNO NOTURNO

    IDÉIA

Foto: Victor Malta


Instituição aberta até as 11 horas da noite enfrenta o desafio de levar qualidade ao horário estendido.

     O relógio marca 8 e 15 da noite e os pequenos da turma de pré-escola do CMEI Vila Parolin estão animadíssimos. Reunidos em roda, cantam e seguem a coreografia criada coletivamente. Quinze minutos depois, já aconchegados num cantinho, ouvem com atenção a professora Janicler Delmar Neves Alves ler a obra Tudo Bem! Ou Não?, de Tatiana Belinky. No recinto dos menorzinhos, o entusiasmo é o mesmo: bebês de até 2 anos exploram diversos materiais artísticos: tinta, isopor e papelão (incluindo - para o desespero das educadoras - tentativas de degustação acidental das "obras"). É verdade que, de quando em quando, se ouve um bocejo de criança (se alguma delas dormir, o sono na sala ao lado estará garantido). Mas a maioria está com as baterias carregadas para seguir com a rotina de atividades até o momento da saída, às 11 da noite. 



       O centro Vila Parolin é um dos quatro de Curitiba com turno noturno, das 2 da tarde às 11 da noite. São, ao todo, 30 crianças atendidas à noite. Outras 18 estão na fila de espera. Pelos dados mais recentes do Ministério da Educação (MEC), apenas 655 crianças - 0,01% do total de matriculados na Educação Infantil - estudam no turno noturno. 



       Inicialmente o horário especial foi criado para contemplar o grande número de catadores de papéis que moravam nas redondezas - por rodar o dia inteiro com seus carrinhos, eles só podiam buscar as crianças noite adentro. Hoje, porém, a clientela é mais diversificada: predominam filhos de trabalhadores noturnos (de balconistas a seguranças) e de mães adolescentes. "Muitas jovens podem continuar estudando graças ao atendimento da creche", comemora a diretora, Vera Lucia de Oliveira Aleixo. 



    Para ficar aberta de 7 da manhã às 11 da noite, a creche conta com dois times de funcionários e educadores, que cumprem jornadas de oito horas cada um. Durante o dia, a meninada fica dividida em cinco turmas distintas, de acordo com a faixa etária. O período mais complicado vai das 2 às 6 da tarde, quando os dois turnos se sobrepõem. Conforme vão chegando, os matriculados no noturno vão sendo alocados em uma das cinco salas. Nessa hora, a classe mais lotada, a de 3 e 4 anos, fica com 34 crianças. Às 6 da tarde, é hora de nova organização: as cinco turmas viram duas - berçário e pré-escola, com dois educadores em cada uma - e seguem assim até o fim da noite. 



       A experiência de oferecer Educação Infantil noturna exigiu algumas mudanças. Por causa das condições climáticas (Curitiba é a capital mais fria do Brasil), as áreas externas só são usadas no verão. E a hora da sesta, o descanso após o almoço, ocorre um pouco mais tarde: a partir das 5 e meia para que os pequenos permaneçam despertos até a hora em que os pais chegam. "A princípio, atrasar esse repouso não traz danos", afirma Fernando Louzada, pesquisador na área de cronobiologia e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O problema, segundo ele, é se as crianças continuarem acordando cedo e não dormirem de dez a 13 horas, período considerado adequado para a faixa etária de 2 a 5 anos. "É preciso ficar atento para evitar a privação do sono, que provoca alterações de humor e comportamento." Os educadores da creche fazem coro para a recomendação do especialista e a repetem como conselho aos pais. 



       Adaptar o relógio biológico dos pequenos não foi o maior desafio dos profissionais da Vila Parolin, e sim superar a visão assistencialista associada a esse tipo de serviço. "Muitos pais e até alguns professores achavam que já estava bom se a criança ficasse aqui à noite apenas para jantar, brincar e assistir TV. Mas nossa função vai muito além do cuidado", explica Vera. O salto de qualidade veio há dois anos com a contratação de uma pedagoga para orientar o trabalho dos professores no turno noturno. "Hoje, a rotina abrange atividades para desenvolver as múltiplas capacidades dos pequenos." A ideia é que eles possam começar a explorar o mundo, adquirir os primeiros conhecimentos e, claro, viver experiências prazerosas. Em outras palavras, que tenham uma Educação Infantil de qualidade - mesmo quando o Sol se põe.

Contato com a instituição: CMEI Vila Parolin, tel. (41) 3332-8687
Referência: Publicado emNOVA ESCOLA, Edição 235, SETEMBRO 2010, com o título Turno noturno

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

JOSÉ CARLOS LIBÂNEO - DIDÁTICA - ALGUMAS RELEVÂNCIAS




Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. P. 17
Em sentido amplo, a educação compreende os processos formativos que ocorrem no meio social, nos quais os indivíduos estão envolvidos de modo necessário e inevitável pelo simples fato de existirem socialmente; neste sentido, a prática educativa existe numa grande variedade de instituições e atividades sociais decorrentes da organização econômica, política e legal de uma sociedade, da religião, dos costumes, das formas de convivência humana. Em sentido estrito, a educação ocorre em instituições específicas, escolares ou não, com finalidades explícitas de instrução e ensino mediante uma ação consciente, deliberada e planificada embora sem separa-se daqueles processos formativos gerais.p.17
As formas que assume a prática educativa, sejam não–intencionais ou intencionais, formais ou não-formais, escolares ou extra-escolares, se interpenetram. O processo educativo, onde quer que se dê, é sempre contextualizado social e politicamente; há uma subordinação á sociedade que lhe faz exigências determina objetivos e lhe provê condições e meios de ação.p.18
Para quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos indivíduos vivendo em contextos sociais determinados, é imprescindível que desenvolva a capacidade de descobrir as relações sociais reais implicada em cada acontecimento, em cada situação real da sua vida e da sua profissão, em cada matéria que ensina como também nos discursos, nos meios de comunicação de massa, nas relações cotidianas na família e no trabalho.p.22
Educação escolar, Pedagogia Didática
A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização, ligado intimamente ás demais práticas sociais. P.24
Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportunidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo conhecimentos científicos e formando a capacidade de pensar criticamente os problemas e desafios postos pela realidade social.
A Pedagogia, sendo ciência da e para a educação, estuda a educação, a instrução e o ensino. Para tanto se compõem de ramos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática, a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia. Ao mesmo tempo, buscam em outras ciências os conhecimentos teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Educação, Economia da Educação ou outras. p.25
A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. P.25
A didática está intimamente ligada á Teoria da Educação e á Teoria da Organização Escolar e, de modo muito especial, vincula-se á Teoria do Conhecimento e á Psicologia da Educação.p.26
Há também estreita ligação da didática com os demais campos do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Educação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, indagando em que consiste o ato educativo seus condicionamentos externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos da prática educativa.p.26
A Sociologia da Educação estuda a educação como processo social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. Ensina  a ver a realidade social no seu movimento, a partir  da dependência mútua entre seus elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos da realidade educacional. P.26
A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do processo de ensino e aprendizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e habilidades.p.26
A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e legais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos e programas, organização do trabalho pedagógico e das atividades discentes etc.
Didática: Teoria da Instrução e do Ensino
Definindo-se  como mediação escolar dos objetivos e conteúdos do ensino, a Didática investiga as condições e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sócias,políticos,culturais,psicos-sociais) condicionantes das relações entre a docência e a aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais do processo pedagógico escolar, traduz objetivos sociais e políticos em objetivos de ensino, seleciona e organiza os conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e aprendizagem, indica princípios e diretrizes que irão regular a ação didática. P. 52
[...] o processo didático de transmissão/assimilação de conhecimentos e habilidades tem como culminância o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos, de modo que assimilem ativa e independemente os conhecimentos sistematizados. p. 53
SIGNIFICADOS:
A instrução: se refere ao processo e ao resultado da assimilação sólida de conhecimentos sistematizados e ao desenvolvimento de capacidades cognitivas. [...] O ensino consiste no planejamento, organização, direção e avaliação da atividade didática, concretizando as tarefas da instrução; o ensino inclui tanto o trabalho do professor (magistério) como a direção da atividade de estudo dos alunos.
Tanto a instrução como o ensino se modificam em decorrência da sua necessária ligação com o desenvolvimento da sociedade e com as condições reais em que ocorre o trabalho docente. Nessa ligação é que a didática se fundamenta para formular diretrizes orientadoras do processo de ensino.Pg.53
Currículo expressa os conteúdos da instrução, nas matérias de casa grau do processo de ensino. Em torno das matérias se desenvolve o processo de assimilação dos conhecimentos e habilidades. Pg. 53
A metodologia compreende o estudo dos métodos, e o conjunto dos procedimentos de investigação das diferentes ciências quanto aos seus fundamentos e validade, distinguindo-se das técnicas que são a aplicação específica dos métodos. No campo da Didática, há uma relação entre os métodos próprios da ciência que dá suporte à matéria de ensino e os métodos de ensino. A metodologia pode Sr geral (por exe., métodos tradicionais, métodos ativos, método da descoberta, método de solução de problemas etc.) ou específica, seja a que se refere aos procedimentos de ensino e estudo das disciplinas do currículo (alfabetização, Matemática, História etc.), seja a que se refere a setores da educação escolar ou extra-escolar (educação de adultos, educação especial educação sindical etc.)pg.53
Técnicas, recursos ou meios de ensino são complementos da metodologia, colocados à disposição do professor para o enriquecimento do processo de ensino. Atualmente, a expressão “tecnologia educacional” adquiriu um sentido em mais amplo, englobando técnicas de ensino diversificadas, desde os recursos da informática, dos meios de comunicação e os audiovisuais até os de instrução programada e de estudo individual e em grupos. Pg. 53
A Didática tem muitos pontos em comum com as metodologias específicas de ensino. Elas são as fontes da investigação Didática, ao lado da Psicologia da Educação e da Sociologia da Educação. Mas, ao se constituir como teoria da instrução e do ensino, abstrai das particularidades de cada matéria para generalizar princípios e diretrizes para qualquer uma delas. Pg.54
O processo de Ensino
[...] investigar objetivos e métodos seguros e eficazes para a assimilação d os conhecimentos. Esta é a função da Didática, ao estudar o processo do ensino. Pg. 54
[...] a natureza do trabalho docente é a mediação da relação cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino. Pg.54
Os componentes do processo didático
[...] o ensino, por mais simples que passa parecer á primeira vista, é uma atividade complexa: envolve tanto condições externas como condições internas das situações didáticas. Conhecer essas condições e lidar acertadamente com elas é uma das tarefas básicas do professor para a condução do trabalho docente. Pg 55
Internamente, a ação didática se refere à relação entre o aluno e a matéria, com o objetivo de apropriar-se  dela com a mediação do professor.pg. 55
[...] o ensino é um processo social, integrante de múltiplos processos sociais, nos quais estão implicadas dimensões políticas, ideológicas, éticas, pedagógicas, frente ás quais se formulam objetivos, conteúdos e métodos conforme opções assumidas pelo educador, cuja realização está na dependência de condições, seja aquelas que o educador já encontra seja as que ele precisa transformar ou criar. Pg. 57
Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) foi um pensador que procurou interpretar essas aspirações, propondo uma concepção nova de ensino, baseada nas necessidades e interesses imediatos da criança. Pg. 59
Pestalozzi atribuía grande importância ao método intuitivo, levando os alunos a desenvolverem o senso de observação, análise dos objetos e fenômenos da natureza e a capacidade da linguagem, através da qual se expressa em palavras o resultado das observações. Nisto consistia a educação intelectual. Também atribuía importância fundamental à psicologia da criança como fonte do desenvolvimento do ensino. Pg. 60
O movimento de renovação da educação, inspirado nas idéias de Rousseau, recebeu diversas denominações, como educação nova, escola nova, pedagogia ativa, escola do trabalho. [...] A denominação Pedagogia Renovada se aplica tanto ao movimento da educação nova propriamente dito, que inclui a criação de “escolas novas”, a disseminação da pedagogia ativa e dos métodos ativos, como também a outras correntes que adotam certos princípios de renovação educacional mas sem vínculo direto com a Escola Nova. Pg.62
A função mais genuína da educação é a de prover condições para promover e estimular a atividade própria do organismo para que alcance  seu objetivo de crescimento e desenvolvimento. Por isso, a atividade escolar deve centrar-se em situações d experiência onde são ativadas as potencialidades, capacidades, necessidades e interesses naturais da criança. Pg. 62
O currículo não se baseia nas matérias de estudo convencionais que expressam a lógica do adulto, mas nas atividades e ocupações da vida presente, de modo que a escola se transforme num lugar de vivência daquelas tarefas requeridas para a vida em sociedade. O aluno e o grupo passam a ser o centro de convergência do trabalho escolar. Pg 62
[...] consideram que os indivíduos vivem num mundo sócio-cultural, produto do próprio desenvolvimento histórico da sociedade. A educação  seria, assim, umprocesso de subjetivação da cultura, tendo em vista a formação da vida interior, a edificação da personalidade. A pedagogia da cultura quer unir as condições externas da vida real, isto é, o mundo objetivo da cultura, à liberdade individual, cuja fonte é a espiritualidade, a vida interior. Pg. 63
O estudo teórico da Pedagogia no Brasil passa por um reavivamento,principalmente a partir das investigações sobre questões educativas baseadas nas contribuições do materialismo histórico e dialético. Tais estudos convergem para a formulação de um teoria crítico-social da educação, a partir  da crítica política e pedagógica das tendências e correntes da educação brasileira. P. 63
Tendências pedagógicas no Brasil e a Didática
A idéia é a de que o aluno aprende melhor o que faz por si próprio. Não se trata apenas de aprender fazendo, no sentido de trabalho manual, ações de manipulação de objetos. Trata-se de colocar o aluno em situações em que seja mobilizado a sua atividade global e que se manifesta em atividade intelectual, atividade de criação, de expressão verbal, escrita, plástica ou outro tipo. O centro da atividade escolar não é o professor nem a matéria, é o aluno ativo investigador. Pg. 65
A Didática não é a direção do ensino, é a orientação da aprendizagem, uma vez que esta é uma experiência própria do aluno através da pesquisa, da investigação. Pg. 66
O método representa o conjunto dos procedimentos para assegurar a aprendizagem, isto é, existe em função da aprendizagem, razão pela qual, a par de estar condicionado pela natureza da matéria, relaciona-se com a psicologia do aluno. Pg. 67
O ciclo docente, abrangendo as fases de planejamento as ases de planejamento, orientação e controle da aprendizagem e suas sub-fases, é definido como “o conjunto de atividades exercidas, em sucessão ou ciclicamente, pelo professor, para dirigir e orientar o processo de aprendizagem dos seus alunos, levando-o a bom termo. É o método em ação”. Pg. 67
A atividade escolar é centrada na discussão de temas sociais e políticos; poder-se-ia falar de um ensino centrado na realidade social, em que professor e alunos analisam problemas e realidades do meio sócio-econômico e cultural, da comunidade local, com seus recursos  e necessidades, tendo em vista a ação coletiva frente a esses problemas e realidades. P. 69
Por exemplo, quando definimos objetivos e conteúdos de História, devem estar incluídos neles os métodos próprios de estudo dessa matéria. Se entendermos que o método de estudo da História privilegia mais a compreensão do processo histórico e as relações entre os acontecimentos do que a simples descrição de nomes e fatos, esta particularidade metodológica deve ser transformada em objetivo de ensino. O mesmo raciocínio vale para a matéria Ciências, por exemplo, em relação aos métodos e hábitos científicos. P.154
Toda esta descrição de atividade evidentemente parte para a educação de base, o que para a educação acadêmica, o principio veria a ser a formação e a especialidade que o aluno demonstre melhor atenção, visto que já formou seu objetivo e a razão de estar fazendo tal curso, tem um propósito, um projeto de vida. Seguindo este reconhecimento como existente, a formulação da atividade deve integrar os significados e suas relações para com este acadêmico. Ter o foco do aluno a propósito do seu interesse. Como Libâneo nos trás P. 131
O que importa é que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experiências sócio-culturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos. Do ponto vista didático, o ensino consiste na mediação de objetivos-conteúdos-métodos que assegure o encontro formativo entre os alunos e as matérias escolares que é o fator decisivo da aprendizagem. Pg. 70
A pedagogia Crítica-Social toma o partido dos interesses majoritários da sociedade, atribuindo à instrução e ao ensino o papel de proporcionar aos alunos o domínio de conteúdos científicos, os métodos de estudo e habilidades e hábitos de raciocínio científico, de modo a irem formando a consciência crítica face ás realidades sociais e capacitando-se a assumir no conjunto das lutas sociais a sua condição de agentes ativos de transformação da sociedade e de si próprios. Pg.70
Para o planejamento, requer-se do professor:
  • Compreensão segura das relações entre a educação escolar e os objetivos sócio-políticos e pedagógicos, ligando-os aos objetivos de ensino das matérias;
  • Domínio seguro do conteúdo das matérias que leciona e sua relação com a vida e a prática, bem como dos métodos de investigação próprios da matéria, a fim de poder fazer uma boa seleção e organização do seu conteúdo, partindo das situações concretas da escola e da classe;
  • Capacidade de desmembrar a matéria em tópicos ou unidades didáticas, a parte da sua estrutura conceitual básica; de selecionar os conteúdos de forma a destacar conceitos e habilidades que foram a espinha dorsal da matéria;
  • Conhecimentos das características sociais, culturais e individuais dos alunos, bem como o nível de preparo escolar em que se encontram;
  • Conhecimento e domínio dos vários métodos de ensino e procedimentos didáticos, a fim de poder escolhê-los conforme temas a serem tratados, características dos alunos;
  • Conhecimento das  características sociais, culturais e individuais dos alunos, bem como o nível de preparo escolar em que se encontram;
  • Conhecimento dos programas oficiais para adequá-los ás necessidades reais da escola e da turma de alunos;
  • Consultar a outras livros didáticos da disciplina e manter-se bem informados sobre a evolução  dos conhecimentos específicos da matéria e sobe os acontecimentos políticos, culturais etc. p. 72
Evidentemente, as mesmas expectativas que o professor tem em relação ao desenvolvimento intelectual dos alunos aplicam-se a ele próprio. P.73
A Didática assim oferece uma contribuição indispensável á formação dos professores, sintetizando no seu conteúdo a contribuição de conhecimentos de outras disciplinas que convergem para o esclarecimento dos fatores condicionantes do processo de instrução e ensino, intimamente vinculado com a educação, ao mesmo tempo provendo os conhecimentos específicos necessários para o exercício das tarefas docentes. P. 74
O PROCESSO DE ENSINO NA ESCOLA
Que são os conteúdos do saber escolar? São os conhecimentos sistematizados, selecionados das bases das ciências e dos modos de ação acumulados pela experiência social da humanidade e organizados para serem ensinados na escola; São habilidades e hábitos, vinculados aos conhecimentos, incluindo métodos  e procedimentos e aprendizagem e de estudo; são atitudes e convicções, envolvendo modos de agir, de sentir e de enfrentar  o mundo. Pg.80
Que são capacidades cognoscitivas? Sãos as energias mentais disponíveis nos indivíduos, ativadas e desenvolvidas no processo de ensino, em estreita relação com os conhecimentos. O desenvolvimento das capacidades se verifica no decorrer do processo de transmissão-assimilação de conhecimentos e é, ao mesmo tempo, condição para a aquisição e aplicação dos conhecimentos. Do complexo de capacidades cognoscitivas podemos destacar: a exercitação dos sentidos, a observação, a percepção, a compreensão, a generalização, o raciocínio, a memória, a linguagem, a motivação, a vontade. Pg. 80
Sem o domínio dos conhecimentos não se desenvolvimento as capacidades intelectuais, não é possível a assimilação de conhecimentos de forma sólida e duradoura. Dizendo de outra maneira: na medida em que são assimilados conhecimentos, habilidades e hábitos, são desenvolvidas as capacidades cognoscitivas (observação, compreensão, análise e síntese, generalização, fazer relações entre fatos e idéias etc.), indispensáveis para a independência de pensamentos e o estudo ativo. Pg. 81
Para que se realize na escola o processo de assimilação ativa de novos conhecimentos e, por meio dele, o desenvolvimento das forças cognoscitivas dos alunos, é preciso a ação externa do professor, isto é, o ensino e seus componentes: objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas. P. 84
O professor propõem objetivos e conteúdos, tendo em conta características dos alunos e da sua prática de vida. Os alunos por suas vez, dispõem em seu organismo físico-psicológico de meios internos de assimilação ativa, meios esses que constituem o conjunto de suas capacidades cognoscitivas, tais como percepção, motivação, compreensão, memória, atenção, atitudes, conhecimentos já disponíveis. P.84
Os nível cognitivo, os indivíduos aprendem tanto em conta direto com as coisas no ambiente quanto com as palavras que designam coisas e fenômenos do ambiente. Isso significa que, como instrumentos da linguagem, as palavras constituem importante condição para a aprendizagem, pois formam a base dos conceitos com os quais podemos pensar. P.85
MOMENTOS INTERLIGADOS DO PROCESO DE ASSIMILAÇÃO ATIVA
A transformação da percepção ativa para um nível mais elevado de compreensão implica a atividade mental de tomar os objetos e fenômenos estudados nas suas relações com outros objetos e fenômenos, para ir formando idéias e conceitos mais claros e mais amplos.
O processo se completa com as atividades práticas em vários modalidades de problemas e exercícios, nos quais se verifica a consolidação e aplicação prática de conhecimentos e habilidades, Não se quer dizer com isso que nos outros momentos não haja atividades práticas, mas que o processo de assimilação ativa culmina com a consolidação e aplicação. P. 85
[...] o processo de ensino é uma atividade de mediação pela qual são providas as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos ativos na assimilação de conhecimentos. P.89
ESTRUTURA COMPONENTES E DINÂMICA DO PROCESSO DE ENSINO
O processo didático se explicita pela ação recíproca de três componentes – os conteúdos, o ensino, e a aprendizagem – que operam em referência a objetivos que expressam determinadas exigências sociopolíticas e pedagógicas e sob um conjunto de condições de uma situação didática concreta (fatores sociais circundantes, organização escolar, recursos materiais. P. 91
O professor planeja, dirige, organiza, controla e avalia o ensino com endereço certo: a aprendizagem ativa do aluno, a relação cognitiva entre aluno e a matéria de estudo. Haverá uma contradição entre essa idéia de um ensino estruturado e dirigido e a atividade e independência de pensamento do aluno como sujeito ativo da aprendizagem.p.94
[...] a correspondência entre as exigências do ensino e as condições prévias dos alunos seja prevista no planejamento , de modo que o professor saiba qual dificuldade (desafio, problema) apresentar e como trabalhá-la didaticamente. P.95
O envolvimento do aluno no estudo ativo depende de que o ensino seja organizado de tal forma que as “dificuldades” (na forma de perguntas, problemas, tarefas etc.) tornem-se problemas subjetivos na mente do aluno, provoquem nele uma “tensão” e vontade superá-las. P.95
Na medida em que os conteúdos se articulam ao desenvolvimento de capacidades e habilidades mentais, por isso mesmo podem ser questionados, re-elaborados, confrontados com a realidade física e social, em função de valores e critérios de julgamento em que se acredita. P. 100
O PROCESSO DE ENSINO E O ESTUDO ATIVO
A atividade cognoscitiva não pode ser considerada simplesmente como a manipulação de objetivos, vivências de situações concretas, memorização de regras e fórmulas ou resolução de problemas e tarefas. Essas atividades externas somente têm relevância s, gradativamente, forem transformando se em atividades interna, como instrumentos do pensamento. P. 104
É necessário reafirmar que todo estudo ativo é sempre precedido do trabalho do professor:  incentivação  para o estudo, a explicação da matéria a orientação sobre os procedimentos para resolver tarefas e problemas, as exigência quanto à precisão e profundidade do estudo etc. É necessário, também, que o professor esteja atento para que o estudo ativo seja fonte de auto-satisfação para o aluno, de modo que sinta que ele está progredindo, animando-se para novas aprendizagens. Pg. 105
Na consideração das condições globais em que se realiza o trabalho docente, precisamos ter em conta tanto as condições internas dos alunos quanto as influencias externas da sociedade e do ambiente. P. 110
Este é um fato existente devido os meios de comunicação de massa estar cada dia mais presente e muitos estão envolvidos. Essa atração que a comunicação desenvolve nos alunos de graduação e esta é expressivamente forte, pode contar pontos a favor do professor e não contra, basta que haja um entrosamento conjunto com os acadêmicos, descobrindo os acessos, como eles utilizam estes meios e quais linhas que podem nos dar uma passagem de exemplos para a atividade em sala. Importante não desperceber a estrutura, a organização das atividades e os conteúdos a serem administrados, como nos acentua o autor, apenas que como tantos outros instrumentos, a comunicação de massa entre outros recursos tecnológicos podem contribuir com a Didática. Tudo isso nos leva a desatacar a importância da organização do trabalho do professor na direção e no provimento das condições e modos de incentivar o estudo ativo. Pg.112
São três as fontes que o professor utilizará para selecionar os conteúdos do plano de ensino e organizar as suas aulas: a primeira é a programação oficial na qual são fixados os conteúdos de cada matéria; a segunda são os próprios conteúdos básicos das ciências transformadas em matérias de ensino; a terceira são as exigências teóricas e práticas colocadas pela prática de vida dos alunos, tendo em vista o mundo do trabalho e a participação democrática na sociedade. Pg.133
A esse método de apreensão da realidade (sob forma de conhecimento) agregam-se e conjugam-se métodos de conhecimento gerais (como a observação, a análise-síntese, a indução-dedução, a abstração, a generalização etc.), métodos próprios da matéria que está sendo estudada, e métodos de ensino (como a exposição, o estudo dirigido independente, a conversação criativa com a classe etc.) p.138
A dimensão crítico-social dos conteúdos, tem como base para sua aplicação no ensino a unidade e a relação objetivos – conteúdos -métodos, possibilita aos alunos a aquisição de conhecimentos que elevem o grau de compreensão da realidade (expressa nos conteúdos) e a formação de convicções e princípios reguladores da ação na vida prática. O resultado mais importante desse modo de abordagem dos conteúdos de ensino é pôr em ação métodos que possibilitem a expressão elaborada dos interesses das camadas populares no processo de lutas efetivas de transformação social.pg.139
Na sociedade atual, portanto, há uma distinção dos conteúdos de ensino para diferentes grupos sociais: para uns, esses conteúdos reforçam os privilégios, para outros fortalecem os espírito de submissão e conformismo. P. 139
Os conhecimentos são relevantes para a vida concreta quando ampliam o conhecimento da realidade, instrumentalizam os alunos a pensarem metodicamente, a raciocinar, a desenvolver a capacidade de abstração, enfim, a pensar a própria prática. Ultrapassam, portanto, o nível das coisas simplesmente práticas, para alcançar um nível de experiência e pensamento compatível com o conhecimento científico e teórico. Agira praticamente significa utilizar o poder intelectual frente ás tarefas da vida, seja na escola, seja na sociedade. P.144
Temos, assim, as características dos métodos de ensino: estão orientados para objetivos; implicam uma sucessão planejada e sistematizada de ação, tanto do professor quanto dos alunos; requerem a utilização de meios. P. 149
O método de ensino, pois, implica ver o objeto de estudo nas suas propriedades e nas suas relações com outros objetos e fenômenos e sob vários ângulos, especialmente na sua implicação com a prática social, uma vez que a apropriação de conhecimentos tem a sua razão de ser na sua ligação com necessidades da vida humana e com a transformação da realidade social. P. 151
Em resumo, podemos dizer que os métodos de ensino são as ações do professor pelas quais se organizam as atividades de ensino e dos alunos para atingir objetivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos. P. 152
Os métodos correspondem, assim, à sequencia de atividades do professor e dos alunos. Supõem objetivos do professor e os meios e formas de organização do ensino de que dispõe, e, concomitantemente, os objetivos dos alunos e a ativação das suas forças mentais. Mediante a combinação dessa ação conjunta realiza-se o processo de assimilação ativa pelos alunos. P.153
A ligação entre teoria e prática, no processo de ensino, ocorre em vários momentos do trabalho docente: a verificação dos conhecimentos e experiências dos alunos em relação ao conteúdo novo, para tomá-los como ponto de partida; a comprovação de que os alunos dominaram os conhecimentos, aplicando-se em situações novas; a demonstração do valor prático dos conhecimentos; a ligação dos problemas concretos do meio ao conhecimento científico. Isso significa que, nas aulas, ás vezes se vai da prática para a teoria, outras vezes se ai da teoria para a prática. P.157
A assimilação de conhecimentos não é conseguida se os alunos não demonstram resultados sólidos e estáveis por um período mais ou menos longo. O atendimento deste princípio exige do professor freqüente recapitulação da matéria, exercícios de fixação, tarefas individualizadas a alunos que apresentem dificuldades e sistematização dos conceitos básicos da matéria. P.158
O processo de ensino tem um aspecto externo (os conteúdos de ensino e um aspecto interno (as condições mentais e físicas dos alunos para assimilação dos conteúdos) que se relacionam mutuamente: de um lado há a matéria a ser ensinada de forma assimilável pelo aluo; de outro, há um aluno a ser “preparado” para assimilar a matéria, partindo das suas disposições internas. P.160
A primeira função do estudo dirigido é a realização de exercícios e tarefas de reprodução de conhecimentos e habilidades, seguindo-se à exposição verbal, demonstração, ilustração ou exemplificação, que são formas didáticas do método expositivo. A combinação da explicação do professor com exercícios é um recurso necessário para uma boa consolidação dos conhecimentos. P.165
A assimilação consciente dos conhecimentos começa com a percepção ativa dos objetos de estudo com os quais o aluno se defronta pela primeira vez ou temas já conhecidos que são enfocados de m novo ponto de vista ou de uma forma mais organizada. P.184
A percepção ativa, sensorial, dos fatos e fenômenos corresponde ao que observamos no mundo exterior; porém, a compreensão e a reflexão de suas propriedades essenciais ultrapassam as possibilidades do conhecimento sensorial. No processo de assimilação ativa, ao conhecimento sensorial se integra a atividade do pensamento abstrato que implica a formação de conceitos. Considere-se que os processos de análise, síntese, abstração e generalização, próprios das formas superiores do conhecimento, não apenas contêm elementos sensoriais, como também estes implicam aqueles, evidentemente dentro do nível de desenvolvimento cognoscitivo alcançado pelo aluno. P. 186
Nem sempre será fácil aos alunos expressarem nas provas, nos exercícios, nas tarefas, as ligações, vínculos e relações entre os conhecimentos sistematizados e a vida prática. Entretanto, é a na aplicações que os alunos podem ser observados em termos do grau em que conseguem transferir conhecimentos para situações novas, evidenciando a compreensão mais global do objeto de estudo da matéria.  P. 189
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político – pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica, política e cultural que envolve a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que interagem no processo de ensino) p. 222
Se acreditamos que a educação escolar tem um papel na democratização nas esferas econômica, social, política e  cultural, ela será mais democrática quando mais for universalizada a todos, assegurando tanto o acesso e a permanência nas séries iniciais, quando o domínio de conhecimentos básicos e socialmente relevante e o desenvolvimento das capacidades intelectuais por parte dos alunos. P. 227
Na verdade, cabe ao professor, mais que o cumprimento das exigências dos planos e programas oficiais, a tarefa de reavaliá-los tendo em conta objetivos de ensino para a realidade escolar onde trabalha. Conta-se, aqui, com a criatividade, o preparo profissional, os conhecimentos de Didática, de Psicologia, de Sociologia e, especialmente, da disciplina que esse professor leciona e seu significado social nas circunstâncias concretas do ensino. Pg. 228
Com efeito, o plano da escola deve expressar os propósitos dos educadores empenhados numa tarefa comum. A não-confluência em torno de princípios básicos de ação pode ser nefasta para a ação coletiva na escola, com repercussões negativas na sala de aula. P.230
A seguir, sugerimos um roteiro para a elaboração do plano da escola.
  1. Posicionamento sobre as finalidades da educação escolar na sociedade e na nossa escola.
  2. Bases teórico-metodológicas da organização didática e administrativa são o nosso entendimento sobre:
  • O tipo de homem que queremos formar;
  • As tarefas da educação geral;
  • O significado pedagógico-didático do trabalho docente: as teorias do ensino e da aprendizagem;
  • As relações entre o ensino e o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos;
  • O sistema de organização e administração da escola.
3. Caracterização econômica, social, política e cultural do contexto em que está inserida a nossa escola:
  •  Panorama geral do contexto;
  • Aspectos principais desse contexto que incidem no processo ensino  aprendizagem.
4 Características sócio-culturais dos alunos:
  • Origem social e condições materiais de vida;
  • Aspectos culturais: concepção de mundo, práticas de criação e educação das crianças, motivações e expectativas profissionais, linguagem, recreação, meios de comunicação etc.;
  • Características psicológicas de cada faixa etária em termos de aprendizagem e desenvolvimento.
5 Objetivos educacionais gerais da escola quanto à(s)
  • Aquisição de conhecimentos e habilidades;
  • Aspectos culturais: concepção de mundo, práticas de criação e educação das crianças, motivações e expectativas profissionais, linguagem, recreação, meios de comunicação etc.;
  • Características psicológicas de cada faixa etária em termos de aprendizagem e desenvolvimento.
6 Diretrizes gerais para a elaboração do plano de ensino:
  • Sistema de matérias – estrutura curricular;
  • Critérios de seleção de objetivos e conteúdos;
  • Diretrizes metodológicas gerais e formas de organização do ensino;
  • Sistemática de avaliação.
7 Diretrizes quanto à organização e à administração:
  • Estrutura organizacional da escola;
  • Atividades coletivas do corpo docente: reuniões pedagógicas, conselho de classe, atividades comuns;
  • Calendário e horário escolar;
  • Sistema de organização de classes;
  • Sistema de acompanhamento e aconselhamento dos alunos;
  • Sistema de trabalho com os pais;
  • Atividades extra-classe: biblioteca, grêmio estudantil, esportes, festas, recreação, clubes de estudo, visitas a instituições e locais da cidade;
  • Sistema de aperfeiçoamento profissional do pessoal docente e administrativo;
  • Normas gerais de funcionamento da vida coletiva: relações internas na escola e na sala de aula. P.231
O PLANO DE ENSINO
O plano de ensino é um roteiro organizado das unidades didáticas para um ano ou semestre. É denominado também plano de curso ou plano de unidades didáticas e contém os seguintes componentes: justificativa da disciplina em relação aos objetivos da escola: objetivos gerais; objetivos específicos, conteúdo (com a divisão temática de cada unidade); tempo provável e desenvolvimento metodológico (atividades do professor e dos alunos).
A autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que ensina e dos métodos e procedimentos de ensino, no tato em lidar com a classe e com as diferenças individuais, na capacidade de controlar e avaliar o trabalho dos alunos e o trabalho docente. P. 252

BIBLIOGRAFIA
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, (Coleção magistério Série Formação do professor). 2008